Os artistas indígenas Carmézia Emiliano e Isaias Miliano entregaram suas obras contempladas pelo prêmio Anísio Fernandes de Artes Visuais do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura com recursos provenientes da Lei Aldir Blanc.
A obra ‘Fazendo Farinha’ de Carmézia Emiliano registra como o povo macuxi produz o alimento, que é central em seus hábitos alimentares.
“Eu retrato nas minhas telas a cultura indígena, fazendo bejú, fazendo farinha, caxiri, bebida indígena, dança da de parixara, tudo que eu vivi eu retrato na tela para não esquecer a minha cultura” explicou a artista.
Isaias contruiu a obra “Wazaká, a lenda da árvore da vida”, um painel de madeira usando a técnica de entralhe de baixo e alto relevo.
A obra traz elementos da iconografia de Roraima e grafismos oriundos de inscrições rupestres.
“Uso o aproveitamento de madeira que seriam descartadas, então apresento hoje, esse tema, que mostra o Monte Roraima, tem as orquídeas com a floresta, tem os buritizais, a mãe da mata, o lavrado, o caimbé, e também o caju que é o símbolo de Roraima” explicou Isaias.
Para o Diretor de Promoção Cultural, Enos Almeida, o momento é extremamente importante para a cultura do Estado. “Não é só um registro, você acaba criando um acervo dessa produção, desses artistas e segmentos variados e você tem todo o potencial da arte roraimense com visibilidade para a população em geral” ressaltou.
Conheça os artistas:
Isaias Miliano
O roraimense Isaias Miliano deixou, ainda jovem, a comunidade em que nasceu, no município do Uiramutã, para morar em Boa Vista. Nessa mudança, ele adotou a arte como sua principal profissão. Segundo ele, as artes plásticas dão ênfase à sua verdadeira paixão: unir a arte com a importância de preservar a cultura indígena e o ambiente em que vivem.
Ele utiliza matéria prima de refugos de marcenarias e serralherias e reaproveita-os para a criação de obras com temas de grafismos indígenas e rupestres da região.
Carmézia Emiliano
Carmézia Emiliano é indígena Macuxi e nasceu em 20 de abril na Guyana. Sua família imigrou para a aldeia Japó, no município de Normandia, estado de Roraima, Brasil, na década de 70 e desde 1988, ela reside em Boa Vista.
A artista conquistou por quatro vezes o prêmio na Bienal de Arte Naif do Salão SESC de Piracicaba-SP e foi agraciada com o Prêmio Buriti da Amazônia de Preservação do Meio Ambiente, em 1996, na categoria revelação.
Ela figura no topo da lista dos maiores artistas Naifs brasileiros. O estilo é conhecido por lançar obras com aquele aspecto inacabado, primitivo, até mesmo singelo e descompromissado. A relação de Carmézia com a arte está intimamente relacionada com a sua trajetória. Ao conhecer as obras de arte e a vida da artista, têm-se a boa impressão de que Carmézia pinta a si própria, em vida e em memória.